Reforma administrativa e plebiscito popular repercutem na Tribuna Livre
Durante a reunião ordinária da Câmara de Viçosa realizada nesta segunda-feira (1º), a Tribuna Livre foi utilizada por dois cidadãos que trouxeram reflexões sobre temas de impacto nacional e social: a Reforma Administrativa em tramitação no Congresso e o plebiscito popular que debate jornada de trabalho e tributação dos super-ricos.
O primeiro a se pronunciar foi Giovanni Giacomini, servidor da Universidade Federal de Viçosa. Em sua fala, ele destacou as consequências de um possível enfraquecimento do serviço público com a aprovação da Reforma Administrativa. Segundo Giacomini, o modelo de Estado de Bem-Estar Social, garantido pela Constituição de 1988, vem sendo “minado há pelo menos 37 anos”. Ele ressaltou que a narrativa de que há excesso de servidores e ineficiência generalizada no setor público serve, na verdade, para justificar a transferência de serviços essenciais para a iniciativa privada.
“Os locais onde deveria haver serviço público de qualidade acabam sendo priorizados apenas quando geram lucro. É só olhar para as diferenças entre o centro e a periferia de Viçosa para perceber a desigualdade”, afirmou. Representando um movimento que reúne diferentes segmentos do serviço público, Giacomini concluiu pedindo que a sociedade seja ouvida no processo: “Não há como resolver 37 anos de desmonte em 45 dias. Todos os cidadãos precisam ser escutados”.
Na sequência, Euzébio Luiz Pinto, conhecido no mundo da capoeira como Zé Bi Sabiá, abordou o plebiscito popular contra a escala de trabalho 6x1 e em defesa da taxação dos super-ricos. Ele ressaltou a importância de jornadas mais humanas, que permitam aos trabalhadores tempo para a família, o lazer e o descanso, apontando que experiências internacionais já demonstraram ganhos de produtividade com modelos menos exaustivos.
“O povo que trabalha sente falta de um espaço em suas vidas para além do trabalho. Estudos mostram que jornadas menores propiciam mais eficiência”, disse. Ao tratar da taxação dos mais ricos, ele provocou a reflexão: “A quem pesa mais 5% de imposto? À pessoa que luta para fazer compras no supermercado ou àqueles que têm milhões investidos em fundos e bolsas de valores?”.
As manifestações repercutiram também entre os vereadores. Professor Idelmino (PCdoB) destacou que a Reforma Administrativa pode representar um retrocesso para toda a população brasileira. Segundo ele, as mudanças propostas fragilizam a estabilidade dos servidores, precarizam condições de trabalho e impactam diretamente na qualidade do atendimento prestado à sociedade.
“Não é apenas o trabalhador que será prejudicado, mas toda a população. Quando se fala em reforma, pensamos em melhorias. Mas, no caso da previdenciária, da trabalhista e agora da administrativa, vemos que todas vieram para piorar, abrindo brechas para privatizações e resultando em serviços ruins para o povo”, afirmou Idelmino, manifestando apoio às ocupações da Tribuna Livre.
Foto: Divulgação/Câmara de Viçosa